Black Sabbath: Black Sabbath (1970)


Sexta-feira 13! Fiquei pensando sobre qual veneno poderia escrever  num dia tão cheio de significados místicos e obscuros como este. A resposta não foi muito difícil: Black Sabbath! Sem dúvida é uma das minhas bandas prediletas e integrante do meu individual "triunvirato". O grupo ainda se chamava "Earth" em 1969, quando surgiu a ideia de mudar para "Black Sabbath", fruto da mente privilegiada de Geezer Butler. Se as pessoas pagam para se assustar com filmes, por que não com músicas também? Essa foi a sacada que deu certo e nos encanta até hoje. No dia 13 de fevereiro de 1970, uma sexta-feira, o Sabbath lançou no Reino Unido seu primeiro disco "Black Sabbath".  Esse discão é considerado pai do heavy metal. A explicação é que o Black Sabbath conseguiu muito mais projeção do que outras grandes bandas obscuras que poderiam até mesmo se enquadrar como precursores do estilo. Mas isso é outra história. "Black Sabbath" é um disco pesado, principalmente para a época, cheio de riffs que se tornaram clássicos, obras do genial Tony Iommi, linhas de baixo solados de Geezer Butler, ritmos intensos e de bom gosto de Bill Ward e uma esplêndida interpretação de Ozzy Osbourne. A intenção foi criar um disco fantasmagórico ou assustador, como prefiram. Há muitos capítulos à parte nesse álbum de apenas 8 músicas como, por exemplo, as letras. Geezer Butler, além de ser um excelente baixista, também expandiu sua mente como letrista. Drogas, relacionamentos amorosos, desgraça humana, experimentações e vivências são alguns dos temas que, como mágica, surgiram e foram organizados. Pelo menos é o que diz Geezer. Outro aspecto ou capítulo à parte é a capa do disco: Uma imagem sinistra com a marcante figura do que seria um fantasma, vestido de preto, encarando misteriosamente, pálido, assustadoramente dando a impressão de que está próximo de quem o observa. Uma figura que integra um ambiente perturbador. Se perguntados, os integrantes do Sabbath pouco comentam sobre isso. Se referem apenas como marketing, incluindo as cruzes de cabeça para baixo que estampam parte do material. É fato que o Sabbath não tem relação alguma com rituais ou seitas satanistas. Pelo menos é o que a banda afirma. "Black Sabbath" foi um disco de produção relativamente barata, terminado em 3 dias, por Roger Bain (produziu bandas como Judas Priest), por cerca de apenas 600 libras. O custo benefício da Sabbath foi estupendo e como eles se preocupavam apenas com as músicas, o marketing, querendo ou não, foi tão eficiente que os quatro obscuros se tornaram figuras "perigosas" para alguns setores da sociedade. O disco abre com a música "Black Sabbath", com sons de uma tempestade e toques de um sino que parece ritualístico e, em seguida, um riff em Sol Menor, passível de fogueira na Idade Média. Na sequência "The Wizard" abre com a famosa gaita de boca e uma sequência de pauleiras. Será que "The Wizard" tem alguma relação com a figura da capa?  Depois "Behind The Wall of Sleep", também com uma interessante introdução, enche os ouvidos com um riff marcante e uma história sobre escuridão, inconsciência e busca da realidade. "N.I.B", que parece uma sigla, na verdade faz referência à estranha barba de Bill Ward. É uma das músicas mais conhecidas da banda. Nela, Geezer Butler usa um pedal Wah-Wah no seu baixo. Na sequência "Evil Woman", cover da famosa banda americana "Crow", trata de um triste relacionamento amoroso. "Sleeping Village" tem um som totalmente obscuro e inicia com um belo dedilhado de violão. Me parece um som nostálgico que depois parte para um instrumental cheio de peso e com destaque para a percussão de Bill. "Warning" é mais uma música "romântica". Nela a letra fala sobre um sentimento de paixão, desejo e aflição com uma melodia de extremo bom gosto. É o mais próximo de uma balada. Por fim "Wicked World" fecha a estreia do Sabbath com a sua marca registrada de um rock eficiente, cheio de bons riffs, um baixo pegado, uma bateria mais viva do que nunca e um vocal pulsante. Além disso, é uma música que recomendo, principalmente para entendermos o mundo atual e o quanto as coisas não mudaram tanto nos últimos tempos. Não é uma mensagem para nos desanimar, bem pelo contrário, nos ajuda a abrir os olhos. Minha dica para a sexta-feira 13: Ouça esse disco do início ao fim e, de preferência, desligue as luzes! 


"O trabalho de um político, dizem, é muito gratificante
Pois ele tem de escolher quem deve ir e morrer
Eles podem pôr um homem na lua facilmente
Enquanto pessoas aqui na terra
Estão morrendo de velhas doenças"

1 - "Black Sabbath" 
2 - "The Wizard"
3 - "Behind the Wall of Sleep"  
4 - "N.I.B." 
5 - "Evil Woman"
6 - "Sleeping Village"
7 - "Warning"
8 - "Wicked World"

Tony Iommi - guitarra
Geezer Butler - baixo
Ozzy Osbourne - vocais, harmónica
Bill Ward - bateria

Arranjos Tom Allom e Barry Sheffield
Produtor Roger Bain da Tuesday Productions
Produtores técnicos Tom Allom e Barry Sheffield
Design e fotografia do álbum Markus Keef
Remasterização Ray Staff no Whitfield Street Studios
Fotografia adicional por Ross Halfin e Chris Walter
Curiosidades: A introdução de "Behind the Wall of Sleep" chama-se "Wasp"
A introdução de "N.I.B." chama-se "Bassically"
A introdução de "Sleeping Village" chama-se "Bit of Finger"
"Evil Woman" é cover da banda Crow
"Warning" e cover de Aynsley Dunbar Retaliation



Que os Deuses do Rock fiquem com Vocês!

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