Conforme a biografia conta, como muitos bluesmen de sua época, Johnson exerceu seu ofício nas esquinas e sempre solitário. Escrevia canções que romantizavam a existência. Mas Johnson conseguiu isso com uma intensidade sem precedentes ao casar seus vocais nitidamente expressivos com uma guitarra extremamente virtuosa. Nunca as dificuldades do mundo foram transformadas em uma altura poética tal e nunca o blues teve uma profundidade tão emocional. Johnson assumiu a solidão intensa, terrores e estilo de vida tortuoso, vivido por um afro-americano no sul durante a Grande Depressão. Ele transformou essa experiência específica e muito pessoal em música de relevância universal e alcance global.
O leitor da biografia de Johnson poderá ter uma ideia do poder da música de Johnson, que foi ampliado ao longo dos anos pelo fato de que tão pouco sobre ele é conhecido e que pouca informação biográfica só revelou um ritmo quase glacial. Mitos cercam sua vida: de que ele teria sido um rapaz do campo, mais tarde homem das senhoras, e que ele só teria alcançado sua mestria musical depois de vender a alma ao diabo. Mesmo a tragédia de sua morte pareceu aumentar a proporção mítica: Johnson teria sido envenenado por um namorado ciumento. E em seguida, com três dias para expirar, o lendário caçador de talentos John Hammond estaria à procurá-lo para se apresentar no Carnegie Hall, em Nova York.
Robert Johnson teria falecido em 16 de agosto de 1938, em Greenwood, Mississippi, aos 27 anos. Pelo menos é o que consta na sua lápide, mas a partir de informações pouco confiáveis. As 29 músicas de Robert foram gravadas em duas sessões em San Antonio, Texas, em Novembro de 1936 e em Dallas, Texas, em Junho de 1937. Treze músicas foram gravadas 2 vezes.
Em 1961 a Sony lançou das profundezas de seus catálogos uma compilação de 16 das 29 que foram gravadas por Robert J. "Robert Johnson - King of the Delta Blues Singers" acabou causando um enorme impacto na época, pois até então Robert Johnson era praticamente um desconhecido. Foram necessários anos e talvez até hoje ninguém saiba ao certo reproduzir a técnica do bluseiro na guitarra ou violão. Em 1998 álbum foi remasterizado e apresenta uma versão alternativa de "Traveling Riverside Blues"*, gravada em 20 de junho de 1937. A nova versão conta com as músicas digitalizadas, mas em função das condições técnicas da época, muito da essência permaneceu preservada e é um disco que leva o ouvinte ao passado, mas um passado altamente surpreendente. Assim como muitas pessoas, eu sigo me perguntando se foi realmente apenas Robert Johnson que tocou essas músicas? Parece uma orquestra de um homem só.
1 - Cross Road Blues
2 - Terraplane Blues
3 - Come On In My Kitchen
4 - Walkin' Blues
5 - Last Fair Deal Gone Down
6 - 32-20 Blues
7 - Kind Hearted Woman Blues
8 - If I Had Possession Over Judgment Day
9 - Preaching Blues (Up Jumped The Devil)
10 - When You Got A Good Friend
11 - Ramblin' On My Mind
12 - Stones In My Passway
13 - Traveling Riverside Blues
14 - Milkcow's Calf Blues
15 - Me And The Devil Blues
16 - Hellhound On My Trail
17 - Traveling Riverside Blues*
Feliz 2014! Que os Deuses do Rock fiquem com Vocês!
Dizem que Robert Johnson não cantava tão agudo (o mesmo vale para a viola) assim, por devidos erros de rotação, as gravações foram aceleradas dando aquele toque soturno ou até mesmo ''voz de fantasma'' como já ouvi descreverem. Pesquisar pela velocidade original das gravações é realmente interessante.
ResponderExcluirLegal dica, cara. Quando se fala de Robert Johnson, certamente há muitas dúvidas. Valeu ae! abraços!
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