Há alguns meses escrevi sobre uma matéria muito interessante que li a respeito do Japão. A reportagem dizia que naquele país muita gente ainda compra discos. Não quero dizer que gostaria de ter nascido japonês. O que tenho é uma imensa tristeza e preocupação com o "andar da carruagem". Disco, hoje, é uma espécie de cartão de visita. As bandas realmente faturam com centenas de shows, como escravos, e os discos estão sendo deixados de lado. Mesmo com a febre dos LPs, não consigo vislumbrar um futuro próspero para os discos. Ouço sempre histórias da minha geração anterior com sentimento de nostalgia. O processo de ouvir um "bolachão" era equivalente a um cerimonial. As pessoas paravam para rodar um "disco" e simplesmente curtiam as músicas. E isso acabou? Não, mas evidentemente que acontece de forma exígua. Concluí que discos ainda são vendidos por causa de colecionadores, pois a grande maioria que consome na Indústria Cultural não demonstra mais interesse em tirar um álbum de uma embalagem, pegar o disco, abrir o compartimento do som ou posicionar o vinil no toca-discos e acionar o play. As ferramentas da modernidade deixaram as pessoas mais preguiçosas. E quanto mais preguiçosas, mais desinteressadas. As ferramentas atuais dão o play para os ouvintes. A indústria cultural coloca a comida na sua boca e mastiga para você. Esses dias, após um almoço, passei na frente de uma grande rede de lojas de cds e instrumentos musicais do Rio Grande do Sul. Como sempre dei uma olhadela, de curioso, e fiquei chocado: o espaço para os discos havia sido reduzido a menos da metade que eu me lembrava. Reflexo da queda de vendas. Quase ninguém mais compra discos. Uma pena. Como um dos poucos resistentes, quero informar que comprar discos vale à pena. Por mais distante de seu artista predileto que você esteja, o ato de comprar um produto oficial valoriza todo o esforço feito. Você pode ser um colecionador e isso é algo prazeroso, garanto. Agora, quem disse que não utilizo as ferramentas da modernidade? Óbvio que sim. Com a Internet hoje é possível descobrir uma infinidade de grandes bandas e existem diversos meios de adquirir produtos por preços interessantes. Comprar discos, inclusive, faz bem à saúde. Você terá que levantar da poltrona, sair de casa, entrar numa loja, conversar com pessoas e trocar ideias. Certamente você que está lendo conhece algum amigo ou amiga que possua banda e que tenha lançado algum EP, CD, Vinil, enfim. Experimente comprar um disco e terá uma ideia muito clara da importância desse simples ato. Quem sabe aí começará uma futura coleção? Há quanto tempo você não entra uma loja de discos? E como eu sempre digo, uma boa coleção não significa quantidade, mas qualidade. Ótimo 2014, leitor (es) do Epifânicos e Anônimos. Em breve novas atrações e venenos de tirar o cérebro e colocar de volta na cabeça.
Que os Deuses do Rock fiquem com Vocês!
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