Rainbow: Straight Between The Eyes (1982)

A poderosa banda inglesa Rainbow gravou ótimos discos, teve muitas formações e a maioria dos fãs nostálgicos têm grande parte de suas referências relacionadas a Ronnie James Dio, que os Deuses do Rock o tenham. Porém todos que passaram pela banda fizeram um bom trabalho, digno de ficar registrado na história do Rock. Um dos bons discos do Rainbow é o LP de 1982, "Straight Between The Eyes". O álbum, obviamente remasterizado posteriormente para CD, com os famosos extras, provou que os monstros Ritchie Blackmore (guitarras) e Roger Glover (baixo), ex-Deep Purple, continuavam em grande fase. Sexto do Rainbow, o disco foi o segundo consecutivo com a participação do excelente vocalista americano Joe Lynn Turner (o primeiro havia sido "Difficult to Cure", 81), que participou ativamente das composições com seu timbre hard/metal enérgico. A única alteração na formação em relação ao disco anterior foi a substituição de Don Airey por David Rosenthal, nos teclados, que não deixou por menos. O disco foi gravado no Le Studio, em Quebec, Canadá, no mês de dezembro 1981. Porém o lançamento aconteceria algum tempo depois. O disco foi muito bem recebido e de cara se destacou em emissoras de rádio americanas, principalmente com singles como "Stone Cold" e "Power". Em todo o álbum está presente a "timbreira" e o show de riffs e licks da Strato do mestre Blackmore. Um dos grande atrativos do disco é parte gráfica. Na imagem produzida por Jeff Cummins, com a parceria da cultuada Hipgnosis, uma Stratocaster arrebenta o meio de um rosto com olhos arregalados. Até mesmo na edição nacional, que geralmente sempre foi fraca e econômica em relação a de outros países, há um interessante material que contém as letras das músicas e uma foto da banda. 
"Straight Between The Eyes" abre com "Death Alley Driver". A distorção da guitarra dá a impressão de que um motor está "pegando" e acelerando. E realmente isso tem sentido, pois o som começa acelerado e é extremamente setentista, extremamente Purple. A bateria tem um ritmo que realiza várias quebras, não se limitando apenas ao refrão. O baixo contínuo estufa o peito do ouvinte e o solo parece ser conhecido, mas, ao mesmo tempo, novo, o que caracteriza o estilo totalmente perceptível de Blackmore, que alterna com execuções bem encaixadas do tecladista David Rosenthal, que se apresenta: "Esse sou eu!". 
"Stone Cold" começa de maneira obscura e despretensiosa. Realmente dá impressão de se tratar de uma balada, um pouco mais acelerada em função do ritmo da bateria. Essa pode ser considerada até mesmo como uma divisão de fases, já que tem uma harmonização bem característica do que foi produzido nos anos 80. A qualidade dos músicos é comprovada no fato de que a base segura de forma muito eficiente o vocal, que é o principal destaque da faixa, que ainda tem um solo de guitarra mais lento porém virtuoso. Enfim, Pedra Fria, na tradução, é uma composição com tons de romantismo, "homenagem" de Joe Lynn Turner para sua ex. A terceira faixa é "Bring On The Night", que começa com um efeito de pedal distorcido e logo em seguida uma bateria poderosa dita o ritmo bem explorado melodicamente pelo vocal e acompanhada com força pela linha de baixo. O solo também é virtuoso e novamente curto. A música não é assim tão violenta na sua construção. Destaque mesmo fica para a letra, que fala sobre um cidadão que se considerava morto ou era dado como, mas que voltou para a vida. Nada de novidade, claro, mas o cotidiano de certa forma foi bem explorado. "Tite squeeze" talvez seja a faixa mais simples do álbum, pois não há ondulação ou surpresa harmônica. É uma música curta, com pouco mais de 3 minutos. Eu digo que a duração ficou de bom tamanho, pois se não o refrão ficaria repetitivo demais. E se trata, mais uma vez, de uma canção com temática sobre relacionamento amoroso. Meloso.
O romantismo segue ditando o ritmo do disco e comprovadamente a temática é percebida em "Tearin` Out My Heart". É o tipo de música para ser ambientada num jantar à luz de velas ou em qualquer outra ocasião que tenha um motivo para tal. É uma faixa lenta, com uma ambientação de teclado e guitarra base totalmente encaixadas. As quebras dão muito mais complexidade a essa música do que aquilo ouvido na faixa anterior.
"Power" vem numa boa hora, pois o disco estava ficando melado demais. A faixa tem o papel de quebrar a audição anterior harmonizada com uma levada bem Rock and Roll, sobre uma temática letrística que fala sobre os tempos, sobre atitude e o poder de transformação individual. Nos dias atuais seria um bom hino para as manifestações na ruas. O grande destaque instrumental fica por conta da bateria, com ótimas quebras, ótimos movimentos. O refrão, porém, pode grudar.
"Miss Mistreated" é mais uma música sobre relacionamentos. Se não houvesse a presença de uma guitarra distorcida, poderia ser gravada por qualquer estilo. Também não possui uma harmonização muito complexa, apesar do bom solo realizado por Blackmore e que salva a composição. Não quero dizer que seja uma faixa ruim, mas poderia ter sido mais explorada, principalmente pelos teclados.
"Rock Fever" é um "rockão" oitentista e o disco vale por ela. Sem dúvida nenhuma, o Rainbow aproveitou essa faixa para divulgar o álbum nas FMs. E o custo benefício foi muito positivo, pois trata-se de uma música mais pesada, com características de uma época, e curta. Em resumo, perfeita para as rádios. Finalmente se percebe a utilização de algum sintetizador, por menos que tenha aparecido, logo no início. Com vocal enérgico e bons riffs, a música embala. Apesar da alta comercialidade, a Febre do Rock, com certeza, tem a capacidade de balançar as cabeças e os pés de qualquer pessoa que a ouça.
E por fim temos "Eyes of Fire", uma faixa mais longa, com pouco mais de 6 minutos. Ao lado de "Rock Fever", é uma faixa que vale todo o esforço da audição. Algo interessante na música é sua temática harmônica com características orientais/árabes, misturadas com uma levada Rock and Roll que persiste durante toda a composição. Inclusive o solo de guitarra lembra muito tudo o que havia sido feito tempos atrás no próprio Rainbow. O teclado se funde com a guitarra e a bateria é extremamente explosiva, assim como o vocal acompanhando pelo baixo mais obscuro e distorcido. Obscura também é a letra, com alguns pequenos tons de romantismo incluídos. Mas diferentemente das outras composições  do álbum que lidam com esse assunto "love", "Eyes of Fire" tem uma visão muito mais metafórica de alguns conceitos, sem lidar de forma direta e isso a deixa interessante. A faixa termina "queimando", num fade out, reflexiva, inconclusa.
"Straight Between The Eyes" pode não ser o melhor disco do Rainbow, mas certamente foi um dos álbuns que possibilitaram maior divulgação do som da banda. O mais comercial? Pode ser. Mas é fato que o roqueiros também precisam sobreviver. "Straight Between The Eyes" é um disco bem produzido, bem roqueiro, bem oitentista, que deve ser apreciado e curtido, com certeza.
"Death Alley Driver" (Ritchie Blackmore/Joe Lynn Turner) - 4:45
"Stone Cold" (Ritchie Blackmore/Roger Glover/Joe Lynn Turner) - 5:19
"Bring on the Night (Dream Chaser)" (Ritchie Blackmore/Roger Glover/Joe Lynn Turner) - 4:08
"Tite Squeeze" (Ritchie Blackmore/Roger Glover/Joe Lynn Turner) - 3:15
"Tearin' Out My Heart" (Ritchie Blackmore/Roger Glover/Joe Lynn Turner) - 4:05
"Power" (Ritchie Blackmore/Roger Glover/Joe Lynn Turner) - 4:27
"Miss Mistreated" (Ritchie Blackmore/David Rosenthal/Joe Lynn Turner) - 4:30
"Rock Fever" (Ritchie Blackmore/Joe Lynn Turner) - 3:52
"Eyes of Fire" (Ritchie Blackmore/Bob Rondinelli/Joe Lynn Turner) - 6:39

Ritchie Blackmore - guitarra
Joe Lynn Turner - vocais
Roger Glover - baixo, produção
David Rosenthal - teclados
Bobby Rondinelli - bateria

Produção:

Engenharia: Nick Blagona (assistido por Robbie Whelan)
Gravado no Le Studio, Morin Heights, Canadá
Digital mixing por Roger Glover e Nick Blagona
Digital mastering por Greg Calbi, Sterling Sound, New York



Que os Deuses do Rock fiquem com Vocês!

Nenhum comentário:

Postar um comentário